quarta-feira, 27 de julho de 2011

Père-Lachaise para ser eterno



Quero minha lápide em Père-Lachaise
E poder deteriorar meu corpo comum
Junto aos meus semi-deuses eternos
E misturar-se ao solo em suas essências.

Uivar a noite ao lado de Édith Piaf
Ser personagem mórbido de Balzac
Discutir com Proust morte após a vida
E beber até cair vivo com Morrisson.

Quero minha lápide em Père Lachaise
Sob a rua das pedras que choram
E Alimentar o musgo que cobre o mármore
Saciar a sede das árvores que tocam o céu.

Mas enquanto meu corpo ereto
Ainda tenta nobre arte exumar
Declamo aos portões do cemitério
Versos para poder me eternizar.

(Berg Nascimento)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Poesia inacabada


Poesia inacabada
Amor que vai acabar
Lua que me sangra o peito
Que horas irei chorar?

(BergNascimento)

domingo, 3 de julho de 2011

O oráculo de Rimbaud



Um chacal percorre a savana:
inquieto, andarilho, viajante...

Demónios aprisionados em sua retina
como uma caravana de ladrões sedentos
revelam reis, armas, dor...

Ele tem pele de marfim
e olhos azuis pra te enfeitiçar.

Sabe que ao atravessar o Portal das Lágrimas,
poeta e chacal serão separados pra sempre.

Charleville ficará pra trás...

Mas como abandonar a poesia
se ela flameja dentro de ti?
Um chacal não perde o faro.

Terás teu corpo mutilado...
Mas isso é para que possas voar.

E quando céu e inferno
te abrirem hospedarias,
seguirás teu próprio caminho.

(Berg Nascimento)