Quero minha lápide em Père-Lachaise
E poder deteriorar meu corpo comum
Junto aos meus semi-deuses eternos
E misturar-se ao solo em suas essências.
Uivar a noite ao lado de Édith Piaf
Ser personagem mórbido de Balzac
Discutir com Proust morte após a vida
E beber até cair vivo com Morrisson.
Quero minha lápide em Père Lachaise
Sob a rua das pedras que choram
E Alimentar o musgo que cobre o mármore
Saciar a sede das árvores que tocam o céu.
Mas enquanto meu corpo ereto
Ainda tenta nobre arte exumar
Declamo aos portões do cemitério
Versos para poder me eternizar.
(Berg Nascimento)