domingo, 3 de julho de 2011

O oráculo de Rimbaud



Um chacal percorre a savana:
inquieto, andarilho, viajante...

Demónios aprisionados em sua retina
como uma caravana de ladrões sedentos
revelam reis, armas, dor...

Ele tem pele de marfim
e olhos azuis pra te enfeitiçar.

Sabe que ao atravessar o Portal das Lágrimas,
poeta e chacal serão separados pra sempre.

Charleville ficará pra trás...

Mas como abandonar a poesia
se ela flameja dentro de ti?
Um chacal não perde o faro.

Terás teu corpo mutilado...
Mas isso é para que possas voar.

E quando céu e inferno
te abrirem hospedarias,
seguirás teu próprio caminho.

(Berg Nascimento)

4 comentários:

  1. Flutuei nesse desertão
    Purificado pel'areia d'emoção

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  2. Que poema denso e belo, Berg...
    É como prova, garantia do que há pela frente.
    Mas não para todos.

    Beijos,

    Moni

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