quarta-feira, 27 de julho de 2011

Père-Lachaise para ser eterno



Quero minha lápide em Père-Lachaise
E poder deteriorar meu corpo comum
Junto aos meus semi-deuses eternos
E misturar-se ao solo em suas essências.

Uivar a noite ao lado de Édith Piaf
Ser personagem mórbido de Balzac
Discutir com Proust morte após a vida
E beber até cair vivo com Morrisson.

Quero minha lápide em Père Lachaise
Sob a rua das pedras que choram
E Alimentar o musgo que cobre o mármore
Saciar a sede das árvores que tocam o céu.

Mas enquanto meu corpo ereto
Ainda tenta nobre arte exumar
Declamo aos portões do cemitério
Versos para poder me eternizar.

(Berg Nascimento)

3 comentários:

  1. De todos os dejos as pessoas escolhem não te negar justamente o último.

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  2. "Se não podem me ler; que eu me leia; que conheça os sobressaltos que interpõe esta ponte, e se ela não existir, que eu seja o engenheiro sagaz; determinado a cumprir com o meu objetivo, seja lá, onde estiver as ferramentas que preciso ainda encontrar para beijar os pés de Clarice Lispector; limpando o chão pelo qual passou Machado de Assis; lendo e aprendendo com o tão polêmico Nietzsche... Ah, Senhor, protetor dos novos e loucos autores, que esta chuva que refrescou a luta árdua de tantos molhe o meu telhado a ponto de encontrar a humildade necessária que não me fará algoz de minhas próprias ambições..."

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  3. Uau! A eternidade será uma festa!

    Adorei isso, o inusitado.

    Puxar um banquinho e ficar por aqui.

    Um beijo.

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